Estamos
vivendo dias conturbados, difíceis e até constrangedores!
Os movimentos sociais estão em constante atividade e a polarização tomou conta do Brasil desde a última campanha eleitoral.
As redes
sociais criaram protagonismo na discussão política e chegam a ultrapassar a
audiência dos meios de comunicação tradicionais.
Novos
tempos, porém, com velhos hábitos com roupagens travestidas que em sua sutileza
chegam a passar desapercebidos.
Olhando os “movimentos” do atual presidente da república, juntando os “cacos” que ele espalha por onde passa com seus pés pesados e trôpegos, cheios de ambiguidades “principescas” deixando Maquiavel orgulhoso em seu túmulo, a gente acaba por lembrar dos movimentos de
vanguarda que emergiram na Europa nas duas primeiras décadas do século vinte e que acabaram por startar a ruptura com a tradição cultural do século dezenove. O radicalismo exacerbado acabou por provocar manifestações artísticas em todo o mundo.Cinco correntes vanguardistas chamam
minha atenção para tudo o que vemos nos dias de hoje! No futurismo, cubismo,
dadaísmo, expressionismo e surrealismo podemos traçar paralelos comportamentais
que acabam por criar o “cenário” criado pelo bolsonarismo.
O Futurismo, caracterizado pelo interesse ideológico na arte, usava a subversão radical da cultura e dos costumes, negando o passado em sua totalidade e pregando a adesão à pesquisa metódica e à experimentação estilística e técnica, o movimento bolsonarista aparentemente faz isso, e ao mesmo tempo nega quando quer impor de forma antidemocrática seus pensamentos. O presidente fala pelos dois cantos da boca e cria caos e confusão, não se fazendo entender nem pelos seus seguidores mais próximos! Ele fala de futuro, mas ainda está em 1964. A cognição dele hibernou na década de 60 e acordou agora...
Por outro lado, aqueles que amam a democracia e querem-na como
regime de governo, começam o movimento 70% como uma forma de resistência e civismo.
Outro movimento, o Cubismo, que teve como
precursores Pablo Picasso e Georges Braque, inicialmente,
foi ligado à pintura e teve por princípio a valorização das formas geométricas.
Porém, achou também lugar na literatura, pela fragmentação da linguagem e
geometrização das palavras de maneira aleatória a fim de conceber imagens e
provocar a imaginação e o pensamento. O bolsonarismo com sua política
educacional sugerindo e lutando pelo fim das cadeiras de filosofia, sociologia
e tudo aquilo que remete ao pensamento crítico e analítico, acaba por querer
aniquilar de vez as mentes pensantes de nosso país! Basta assistirmos o show de
horrores da terrível reunião do dia 22 de abril passado.
Já o Dadaísmo, surgido também na Primeira Guerra Mundial, era movimento de
revolta contra o capitalismo burguês e os horrores da guerra. Os dadaístas eram
contra toda lógica! Era para contrariar mesmo! No dadaísmo as pessoas eram
livres na forma de pensar e tinham o direito de questionar tudo, e de
preferência mudar, transformar e sempre que possível chocar a sociedade.
Vivemos isso nos dias de hoje, porém, as avessas, pois o que o
bolsonarismo faz é querer regredir, desprezar a semântica, e criar uma confusão
que foge totalmente ao bom-senso e a inteligência menos privilegiada. Diferente
do dadaísmo da primeira guerra, o do atual governo quer regredir! Vanguarda
significa “pelotão que vai à frente, mas no caso do presidente, o Brasil
precisa dar ré!
O quarto movimento, o Expressionismo recebeu a
herança da arte do final do século 19 dando ênfase
à expressão: uma forma de tornar concreta através da criatividade, seja nas
telas ou através de textos, as imagens geradas na mente do artista e uma
deformação da realidade, pelo menos da realidade coletiva. Era a subjetividade
ganhando espaço!
Este movimento foi como um quebrar de correntes na história da arte! Finalmente o artista pode transformar sua imaginação em arte e o escritor pode traduzir sua mente através das letras, além do cinema, teatro, fotografia e toda forma de arte. Deste movimento, podemos em especial destacar os quadros do norueguês Edvard Munch: O GRITO.
Nesta época, toda arte era formatada pela religião, mitologia,
entre outros, a liberdade individual para criação foi o maior legado do expressionismo.
Nos dias de hoje, é exatamente o contrário, pois se quer regredir e
engessar muitas formas de arte e expressões.
Em “nome” da família e em “nome” de Deus se quer proibir e
eliminar.
O cinema, a literatura, o teatro, a música e todas as formas de
arte estão sob ataque do bolsonarismo que quer impor sua visão tacanha e
obsoleta de mundo. Há que se fazer resistência para que não voltemos ao século
18.
Por último, o Surrealismo, assim como o Expressionismo, chama a humanidade a olhar para dentro!
É a libertação do inconsciente que passa a valorizar o sonho. Agora,
todo artista tem liberdade para aquilo que transcende a realidade.
Isso tudo tem muito das ideias do psicanalista austríaco Sigmund Freud. É novamente a subjetividade, a abstração e a materialização do pensamento, independente das formas e convenções da época.
Parece-me impossível o contrário para os dias de hoje,
principalmente por causa do avanço da ciência e da tecnologia!
Neste atual governo, não existe espaço para nada disso! Pelo
contrário, temos um ministro que, apesar de ser astronauta, está sendo limitado
por causa de seu líder que não tem cultura suficiente que o habilite a um
vocabulário de mil palavras. Parece não ter apreço pelos saberes. Chegou a
afirmar que os livros têm muitas letras...
Para ser um governo de vanguarda é preciso estar à frente do seu
tempo!
Não teremos nenhum tipo de sucesso ou crescimento se continuarmos
olhando para trás!
Desemprego em alta, déficit, alta do dólar, sucateamento do
aparelho estatal, desinvestimento de toda ordem, regresso dos avanços dos
direitos humanos, descaso com o meio-ambiente, visão armamentista, ameaça à
democracia e mercantilização de cargos para se manter no governo são o caminho
para o fundo do poço!
Eu queria muito que este governo prosperasse, mas o maior inimigo
dele é o próprio presidente!
Não quero perder tudo aquilo que ganhamos através de sangue inocente derramado pela truculência dos governos da ditadura militar. Tenho 56 anos e não falo por ler nos livros, mas por ter vivido isso in loco!
Eu declaro minha participação do movimento #somos70% por não acreditar mais que seja possível ter civilidade e estabilidade com o Bolsonaro sendo presidente. Infelizmente.
Ele teve sua oportunidade.
Pense nisso!
Rogério Bitencourt
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